quinta-feira, janeiro 13, 2011

Cannabis: a droga do Interior Distritos de Guarda e Castelo Branco seguem tendência nacional

Tal como no País, a cannabis é a droga mais consumida na Beira Interior. A conclusão é do Instituto da Droga e da Toxicodependência (IDT), que revelou há cerca de duas semanas o relatório “A situação do País em matéria de drogas e toxicodependências - 2009”.


Segundo este documento, a cannabis é a droga mais consumida em Portugal, seguindo-se, ainda que em menor grau, a cocaína, o ecstasy e as anfetaminas. A heroína é a mais comum entre a população reclusa e a que causa mais mortes.

Numa espécie de “radiografia” ao consumo de drogas nos distritos de Castelo Branco e Guarda, é possível verificar que é a cannabis aquela que é preferida dos consumidores. Por exemplo, no que toca à identificação de presumíveis infractores, 68 por cento deles estavam associados a esta droga no distrito de Castelo Branco, e 48 por cento na Guarda. Números bem mais elevados do que aqueles que são identificados com outras drogas como por exemplo a heroína (20 por cento em Castelo Branco e 18 por cento na Guarda) e cocaína (cinco e quatro por cento, respectivamente). Já nas chamadas polidrogas, os dois distritos não se comportam da mesma maneira, pois há 30 por cento de presumíveis infractores na Guarda, enquanto que em Castelo Branco o número fica-se pelos cinco por cento.

O peso que a cannabis tem na Beira é também verificável no que toca ao total de indivíduos condenados. Em 2009, houve apenas seis condenações na Guarda e 17 em Castelo Branco, ou seja, 23 no total. Destes, 23 por cento dos casos estavam relacionados com cannabis, em Castelo Branco, e 66 por cento no distrito vizinho. Na heroína o peso das condenações é de apenas 17 e 18 por cento, e na heroína de seis por cento em Castelo Branco não havendo nenhuma condenação devido a esta droga na Guarda. Curioso é o facto de haver números elevados de condenações no que toca às drogas novas, como o ecstasy.

De acordo com o relatório do IDT, entre 2001 e 2007, “estudos nacionais apontam para um aumento moderado do consumo a nível da população portuguesa e para uma diminuição a nível das populações escolares e da população reclusa”. Também as estimativas da prevalência do consumo problemático de drogas indicam uma diminuição entre 2000 e 2005, sendo “mais acentuada a nível dos consumidores por via endovenosa”, o que se deve em parte à “importante redução da prática de consumo endovenoso” entre a população reclusa, de 2001 a 2007. Entre a população escolar, o relatório do IDT conclui que, “entre 2003 e 2007, aumentou a percepção do risco do consumo regular das várias drogas, o que indicia uma maior informação destas populações escolares sobre estas questões”.

A heroína continua a ser “a principal droga nos contextos da procura de tratamento e das mortes”, ainda que a cannabis e a cocaína estejam também entre as drogas mais consumidas entre os que recorrem ao tratamento, estando esta última associada às mortes por consumo de drogas. Os policonsumos assumem especial relevância no que se refere à procura de tratamento e às mortes, “sobretudo o consumo de heroína associado à cocaína, muitas vezes também em associação com substâncias lícitas como o álcool e as benzodiazepinas”. No que se refere às mortes relacionadas com o consumo de drogas, dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), citados pelo relatório, indicam que apesar de os números se manterem baixos, verifica-se desde 2006 um aumento do número destas mortes, contrariamente à tendência de decréscimo constatada nos anos anteriores.

NC

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