DIA INTERNACIONAL DA MONTANHA
Centro de Interpretação na TORRE, PN da Serra da Estrela - um erro estratégico sem precedentes na tentativa de promoção de uma visitação sustentável dentro de uma área protegida de montanha na Europa.Acção de protesto/sensibilização frente ao Instituto Nacional de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) em Lisboa
10 de Dezembro de 2010, sexta-feira, das 8.00h às 13.00h no ICNB
Reconhecendo a sua riqueza biológica, cultural e de fonte de recursos naturais e paisagísticos mas, simultaneamente, constatando a sua vulnerabilidade face a algumas actividades humanas desenquadradas, mal planeadas e/ou desenvolvidas (ex. Turismo de massas) que ameaçam tais valores, as Nações Unidas decretaram, em 1998, na sua assembleia-geral, 2002 como o Ano Internacional das Montanhas. Por sua vez, dado o sucesso da iniciativa, desde 2003, que 11 de Dezembro passou a ser designado Dia Internacional da Montanha (DIM). O tema para este ano para o DIM é: Minorias e populações indígenas das montanhas.
Realidade da Serra da Estrela
Não sendo um país com elevadas altitudes, Portugal é, contudo, considerado um país relativamente montanhoso. A Serra da Estrela, por albergar a maior altitude de Portugal continental e consequentemente por ser uma área onde ocorre queda de neve em relativa abundância, é um território muito procurado turisticamente, em especial, por turistas nacionais no planalto central, na Torre, e durante a estação outonal e invernal .
Devido aos seus valores naturais singulares, a Serra da Estrela, está identificada com 4 estatutos de protecção legalmente reconhecidos a nível Nacional e Internacional: Parque Natural; Reserva Biogenética, RedeNatura e convenção RAMSAR. É igualmente identificada pela SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) como uma IBA (Área Importante para as Aves).
Infelizmente, é por todos reconhecidos (embora alguns não o queiram admitir) os inúmeros erros/impactes criados ao longo das décadas em nome do suposto "progresso" da região. A criação do Centro de Interpretação da Torre, veio não apenas agravar a situação, como não cumpre adequadamente o seu objectivo.
Centro de Interpretação na TORRE (CIT) - um erro estratégico sem precedentes na promoção de uma visitação sustentável dentro de uma área protegida de montanha na Europa.As razõesUm erro estratégico incompreensível e sem precedentes. Inaugurado em Agosto de 2008, o Centro de Interpretação da Serra da Estrela na Torre , não apenas veio agravar os impactes associados à massificação de visitantes deste local, como não serve verdadeiramente na sua plenitude, o objectivo com que foi criado: dar a conhecer a todos os visitantes nacionais e estrangeiros os valores naturais, culturas, paisagísticos da região.
1º Situa-se no local do Parque Natural da Serra da Estrela onde convergem os 4 estatutos de protecção, ou seja, a zona mais sensível em termos de urgência de conservação que, paradoxalmente, já é o local mais massificado em toda a SE contribuindo assim para o agravamento da situação.
2º A sua inquestionável inacessibilidade face aos distanciamento dos aglomerados populacionais e transportes colectivos (encontra-se no topo da mais alta montanha), impede a sua visitação a uma considerável número de pessoas, principalmente crianças, jovens e populações locais envelhecidas e/ou empobrecidas.
3º Ausência de transportes colectivos (sem que com isto legitime o CIT naquele local), que permitam aceder ao mesmo por quem opte (mobilidade sustentável), ou só tenha essa possibilidade, e ou o pretenda faze-lo caminhado ou indo de bicicleta desde os transporte colectivos. Quem opte por chegar à SE de comboio ou expresso, não tem acesso ao Centro de Interpretação da Serra da Estrela.
4º O Planalto Central, particularmente a Torre, é o local mais afectado pelo encerramento de estradas (durante vários dias) derivado da queda de grandes nevões. Devido a tal facto, a rentabilização da importante papel educativo do CIT fica muito à quem do esperado para um equipamento com tal valência. Nos dias de intempérie (desnecessariamente), os visitantes individuais, famílias, grupos informais, escolas, associações, empresas, vêem logrados a sua intenção de visitar o CIT.
A origem do problema
O Estado Português quis rentabilizar uma infra-estrutura da NATO que deveria ser prontamente desmantelada após a sua desactivação (1971). Nunca deveria ter sido construída. Como consequência, o Estado Português, não apenas manteve o impacte paisagístico como, paradoxalmente, agravou a pressão naquele local e de longe não cumpre, na sua plenitude, bem antes pelo contrário, a sua tentativa de sensibilizar e educar a um vasto leque de visitantes para a preservação da Natureza e promoção da cultura Serrana. Qual quer Centro de Interpretação de uma Área Protegida deve e só pode ficar "às portas" de uma AP e/ou perto de um aglomerado populacional e nunca, nunca, no local ambientalmente mais sensível e isolado.
Errar é mau; só o insensato persiste no seu erro. Cícero
Ninguém cometeu maior erro, do que aquele que nada fez, só porque podia fazer muito pouco. Edmund BurkeLuís Avelar
Sem comentários:
Enviar um comentário