O caso Wikileaks é revelador da derrocada moral do velho poder que em toda a parte continua instalado na política, na economia e, também, há que dizê-lo, no jornalismo. A sanha, de contornos fascizantes, que emergiu nos últimos dias neste nosso chamado mundo ocidental, o tal civilizado e democrático, contra um jornalista cujo único crime foi ter divulgado alguns documentos de evidente interesse público, só tem paralelo nos regimes tiranos e totalitários. A tão propalada liberdade de expressão só serve para criticar os outros. Quando atinge o velho mundo dito avançado então a máscara cai e a face tão feia e bárbara como a dos outros é revelada.
Os mesmos que ontem criticaram ferozmente a China por ter desligado o Google, exigem agora que se "assassine" (sic) Julian Assange. Aliás, a Casa Branca proibiu os funcionários públicos de consultar o Wikileaks, ou seja, seguindo o mesmo método censório chinês que desativou o site logo em 2007. E, já agora, mantendo a comparação, é difícil ver alguma diferença relevante entre a justiça chinesa que condenou o recém-nomeado prémio Nobel Liu Xiaobo por delito de opinião e esta justiça inglesa e sueca que se presta à aviltante farsa de prender Assange porque fez sexo sem preservativo. Crime de gravidade tão colossal que nem teve direito a caução. Definitivamente, o velho poder perdeu a compostura. Vergonha nunca teve nenhuma, como se sabe.
E afinal porquê tanta agitação e ódio? O verdadeiro jornalismo sempre teve por missão revelar os segredos dos poderosos e dessa forma contribuir para atenuar a sua prepotência e garantir alguma transparência pública. Onde está então a diferença de tantos outros casos?
Wikileaks é o ponto alto de uma guerra, surda e suja, que os velhos poderes do mundo conduzem contra a Internet. A Internet gerou uma nova cultura assente na liberdade e sobretudo na liberdade de expressão. Uma liberdade que não se fica pelos enunciados, como é corrente nos discursos do velho poder, mas que se pratica ativamente, se distribui, interage, evoluí, como um organismo vivo. Um verdadeiro vírus, perigoso e subversivo para aqueles que acima de tudo têm pavor da liberdade, da criatividade, da imaginação e do talento de indivíduos livres.
Quando todo esse potencial libertário serve para fazer dinheiro eles adoram, mas quando coloca em questão a arquitetura do poder estabelecido eles detestam e atacam. Ora não existem duas internets. Uma coisa vem com a outra. Estas cabeças ainda não o perceberam.
Mais do que os gadgets, o entretenimento, as promoções, as múltiplas parvoíces, a Internet permitiu que o conhecimento e a informação passassem a ser o domínio de muitos milhões e não já, como era habitual, só dos privilegiados e poderosos. Hoje, 2 biliões de pessoas, ou seja, cerca de um terço da humanidade, pode divulgar, partilhar e manipular qualquer tipo de saber ou informação. E isso configura uma revolução que altera não só a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos, mas que exige uma profunda mudança na organização política e social das nossas sociedades. Em vez de evoluir o velho poder resiste, perseguindo os mesmos esquemas brutos e estúpidos de sempre. Imaginar, por exemplo, que é possível matar o mensageiro, quando existem muitos milhões de potenciais mensageiros, é no mínimo pouco inteligente. E muito desesperado, diga-se de passagem. Podem prender ou mesmo assassinar o Assange do momento, mas outros se seguirão. Disso não restam dúvidas. Basta pensar que na sequência dos ataques neste momento já existem mais de mil sites que "espelham" o Wikileaks. Vão prender toda a gente?
A velha cultura deste poder instalado à sombra de democracias formais, resistente à mudança, corrupto na sua essência, hipócrita e secreto nas suas práticas, tem pouca viabilidade numa sociedade cada vez mais transparente. A consequência é o descrédito absoluto em todo o planeta na classe política e também no modelo económico vigente que, em boa verdade, comanda as operações.
A revolução da Internet exige uma nova democracia, mais livre, mais transparente, mais honesta, mais criativa, já que a atual está gasta e senil como se pode constatar.
Os mesmos que ontem criticaram ferozmente a China por ter desligado o Google, exigem agora que se "assassine" (sic) Julian Assange. Aliás, a Casa Branca proibiu os funcionários públicos de consultar o Wikileaks, ou seja, seguindo o mesmo método censório chinês que desativou o site logo em 2007. E, já agora, mantendo a comparação, é difícil ver alguma diferença relevante entre a justiça chinesa que condenou o recém-nomeado prémio Nobel Liu Xiaobo por delito de opinião e esta justiça inglesa e sueca que se presta à aviltante farsa de prender Assange porque fez sexo sem preservativo. Crime de gravidade tão colossal que nem teve direito a caução. Definitivamente, o velho poder perdeu a compostura. Vergonha nunca teve nenhuma, como se sabe.
E afinal porquê tanta agitação e ódio? O verdadeiro jornalismo sempre teve por missão revelar os segredos dos poderosos e dessa forma contribuir para atenuar a sua prepotência e garantir alguma transparência pública. Onde está então a diferença de tantos outros casos?
Wikileaks é o ponto alto de uma guerra, surda e suja, que os velhos poderes do mundo conduzem contra a Internet. A Internet gerou uma nova cultura assente na liberdade e sobretudo na liberdade de expressão. Uma liberdade que não se fica pelos enunciados, como é corrente nos discursos do velho poder, mas que se pratica ativamente, se distribui, interage, evoluí, como um organismo vivo. Um verdadeiro vírus, perigoso e subversivo para aqueles que acima de tudo têm pavor da liberdade, da criatividade, da imaginação e do talento de indivíduos livres.
Quando todo esse potencial libertário serve para fazer dinheiro eles adoram, mas quando coloca em questão a arquitetura do poder estabelecido eles detestam e atacam. Ora não existem duas internets. Uma coisa vem com a outra. Estas cabeças ainda não o perceberam.
Mais do que os gadgets, o entretenimento, as promoções, as múltiplas parvoíces, a Internet permitiu que o conhecimento e a informação passassem a ser o domínio de muitos milhões e não já, como era habitual, só dos privilegiados e poderosos. Hoje, 2 biliões de pessoas, ou seja, cerca de um terço da humanidade, pode divulgar, partilhar e manipular qualquer tipo de saber ou informação. E isso configura uma revolução que altera não só a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos, mas que exige uma profunda mudança na organização política e social das nossas sociedades. Em vez de evoluir o velho poder resiste, perseguindo os mesmos esquemas brutos e estúpidos de sempre. Imaginar, por exemplo, que é possível matar o mensageiro, quando existem muitos milhões de potenciais mensageiros, é no mínimo pouco inteligente. E muito desesperado, diga-se de passagem. Podem prender ou mesmo assassinar o Assange do momento, mas outros se seguirão. Disso não restam dúvidas. Basta pensar que na sequência dos ataques neste momento já existem mais de mil sites que "espelham" o Wikileaks. Vão prender toda a gente?
A velha cultura deste poder instalado à sombra de democracias formais, resistente à mudança, corrupto na sua essência, hipócrita e secreto nas suas práticas, tem pouca viabilidade numa sociedade cada vez mais transparente. A consequência é o descrédito absoluto em todo o planeta na classe política e também no modelo económico vigente que, em boa verdade, comanda as operações.
A revolução da Internet exige uma nova democracia, mais livre, mais transparente, mais honesta, mais criativa, já que a atual está gasta e senil como se pode constatar.
jornaldenegocios.pt
Sem comentários:
Enviar um comentário