Tive a oportunidade, há 4 anos atrás, de trabalhar nos postos de vigia. São meios que funcionam na área da detecção primária de fogos, para um rápido ataque aos incêndios quando estes estão ainda no seu início.
No geral, para o cumprimento da função a que se destinam, a coisa funcionava bem e muito fogo foi detectado e eficazmente combatido quando ainda era uma criança…os problemas prendiam-se mais com as questões laborais, de qualidade do posto de trabalho e, essencialmente, com os tempos de pagamento, sempre com hiatos de 2 meses entre o mês de trabalho prestado e a respectiva retribuição. Este ano sei que voltaram a haver problemas na afectação de pessoal para as torres, que não se quer investir muito dinheiro nesta área, que não é uma prioridade!
Assim, e já na altura, comecei a aperceber-me de alguma falta de coordenação entre a DRABI (Direcção Regional de Agricultura da Beira Interior) responsável pelos postos e a DGF (direc geral de florestas) responsável por pessoal no terreno e por alguns terrenos. O responsável era um tal de engenheiro rui qq coisa, que depois foi para um tacho na adega da Covilhã e agora, com o cartão da moda, volta à DRABI.
Aquilo que hoje e ontem e anteontem, aquilo que acontece ciclicamente na chamada época de incêndios, tem responsáveis, porque não admissível que a área ardida em Portugal seja não sei quantas vezes superior à da Espanha, que tem um clima bem parecido com o nosso!
Não é admissível a inexistência de um corpo profissional de bombeiros na cova, a falta de planificação na prevenção aos fogos, o desinteresse dos governantes em discutir estas questões (o governo continua de férias, ainda não reunião para discutir esta situação no concreto) e assim é de esperar que nos anos próximos mais coisas ardam, que continuemos a ver os mesmos responsáveis nos mesmos sítios… que a incompetência continue a ser premiada!
Temos de acabar com isto, e só será possível com planificação das várias estruturas envolvidas na gestão da floresta, com investimento público em meios de detecção e ataque aos incêndios, com políticas que combatam a desertificação de vastas áreas do interior do país… é uma questão de vontade política que passa também por um projecto de desenvolvimento para o país que tenha como ponto de partida a inversão da valorização do financeiro a curto prazo em detrimento do social e económico de longo prazo!
Abraços e desejo que a nossa serrinha conserve um pouco de verde…
Sem comentários:
Enviar um comentário