One-man bands. Artistas, excêntricos, solitários. Mas seja o que forem, não os trate por artistas de rua. O novo documentário de Adam Clitheroe é um divertido e comovente retrato de músicos contemporâneos que actuam sozinhos em palco. Para eles, a música soa muito melhor quando eles a fazem sozinhos.
Com uma paleta eclética de estilos musicais - passando do 'theremin rock', aos solos de 'bateria furacão' ou a uma banda de apoio composta por rodas de bicicleta - executam em palco o barulho e o espectáculo digno de uma banda completa, mas por uma fracção do orçamento necessário. Encontramos uma selecção de One-man bands contemporâneas na Europa e nos EUA e reunimo-los pelas suas experiências isoladas na estrada.
THOMAS TRUAX [EUA] é uma lenda viva do nosso tempo intercalando os sons de instrumentos da sua invenção feitos em casa, dentre os quais o Hornicator, o Stringaling e o Sister Spinster.
MAN FROM URANUS [EUA], um veterano das tropas dos Estados Unidos deslocado para cura pós-traumática na zona rural inglesa depois da primeira Guerra de Golfo, toca rock atmosférico de vanguarda usando botas de Wellington nas mãos.
O baterista DURACELL [França] conecta os seus tambores para cantarem e toca tão forte quequase o faz estourar.
NINKI V [Reino Unido] usa uma marioneta de esqueleto para tocar o seu theremin e HONKEYFINGER [Reino Unido] arranca werewolf rock (punk e hard rock) da sua guitarra lapsteel.
THE TWO TEARS [EUA] é uma banda de punk puro e duro vinda da Califórnia que se resume a uma rapariga.
E DENNIS HOPPER CHOPPERS [Reino Unido] toca o tipo de blues que se ouviria enquanto se vende a alma no mítico cruzamento de estrada.
Quando alguém escreve, interpreta e grava a música e ainda actua em digressão inteiramente por seus próprios meios, não existe nenhum outro membro do grupo para refrear a sua visão muito própria. A música pode, então, adquirir uma intensidade que toque as raias da excentricidade. Mas o documentário de Adam Clitheroe não é um freakshow de raridades musicais. Seguindo os percursos individuais dos músicos, da solidão da estrada e dos momentos altos em palco, o filme ilustra um retrato profundamente humano de todos aqueles que dedicam as suas vidas à perseguição da sua própria visão musical, frequentemente, à custa de uma vida considerada normal. Tal como a música, o filme é entusiástico, cru e apaixonante. Adam Clitheroe realizou-o com um orçamento zero como se fosse mais um das one-man-band apresentadas, rendendo assim homenagem ao tema em foco. "Quis demonstrar o porquê das pessoas serem levadas a expor a sua criatividade, mesmo quando o resto do mundo é completamente indiferente ao que se faz. Fez sentido filmá-lo e editá-lo sozinho como uma equipa composta por um homem só, o que me ajudou a compreender melhor o que significa ser uma one-man-band. É sobre como não desistir de ser-se verdadeiro consigo próprio, aliado a uma determinada dose de masoquismo e de solidão para chegar-se até aí."
'ONE MAN IN THE BAND' estreou no Festival Documental Internacional de Amesterdão em Novembro de 2007. Trata-se da primeira longa-metragem de Adam Clitheroe. Estabelecido em Londres, no Reino Unido, trabalhou na produção independente de filme de 16 mm, antes de se tornar cameraman de programas de viagens e realizador no canal de televisão infantil britânico. Nos seus primeiros filmes contam-se as curtas (metragens) como 'The Demon in my Pussy'(1996) ou 'Lust & Amnesia' (2001) que invoca o espírito arthouse do cinema europeu dos anos 70 na sua fusão de descontentamento e de erotismo, 'Strawberry Fair' (1994), 'The Modern Woodsman' (2005) e 'Harder Faster Stronger Stripier' (2006).
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