CARTA ABERTA DE PEDRO VENÂNCIO A TODOS OS UBIANOS

Y AGORA?!

Passaram cerca de três meses desde as eleições para os órgãos sociais da A.A.U.B.I. e tenho observado passivamente a muita coisa que se tem passado desde então, até que chegou o momento de demonstrar a minha revolta e profunda tristeza pelo momento que a nossa associação vive.

Infelizmente a nossa academia mergulhou num período negro e de incertezas. Seja pelas regras impostas por Bolonha e pela reitoria, seja pela crise vivida actualmente na Associação Académica, o estudante sente-se cada vez mais isolado e pouco apoiado. Tem de haver quem nos defenda, junto das devidas entidades e esse alguém é claramente a associação que criamos para cumprir tal objectivo – a Associação Académica da Universidade da Beira Interior.

Para além das actividades culturas (Semanas académicas, etc.), que diga-se, desempenham um papel importantíssimo na saúde financeira da instituição, os aspectos pedagógicos são, ou neste caso, deviam ser os que concentram a maior atenção por parte da direcção. Temos casos de colegas que de um dia para o outro se viram em situações económicas precárias devido ao despedimento de um ou mais pessoas do seio familiar, facto directamente relacionado com a crise que afecta o nosso país. Temos de fazer pressão junto dos serviços sociais da nossa Universidade para que aumentem o apoio a estes colegas, para que aumentem o numero de bolsas disponíveis e que aumentem a capacidade das residências!

Por falar em residências, relativamente a estas, foram impostas recentemente regras que não fazem qualquer sentido, as quais devem ser severamente criticadas! Como por exemplo a inspecção de que são alvo os residentes na Pedro Álvares Cabral (PAC). Todos os dias pelas 23 horas o segurança certifica-se de que ninguém externo, à mesma, se encontra nas suas instalações, caso encontre algum aluno não residente pede que este se retire. Esta atitude não permite assim aos alunos realizarem trabalhos de grupo ou o estudo colectivo inclusive, por vezes, chega ao ponto de verifica se se encontra alguém nos quartos, a fazer lembrar uma prisão... Outro problema que se verifica é o das cozinhas, foi substituída a placa de cozinhar, de tal forma que apenas tachos e panelas específicos podem ser utilizados nesta. O pior é que estes utensílios de cozinha custam no mínimo 30€... E ainda por cima desactivaram duas grelhas, o que deixa apenas outras duas disponíveis, provocando a existência de filas para cozinhar o que é inaceitável. Apenas referi alguns dos muitos problemas que estão a afectar os nossos colegas das residências e bolseiros.

Relativamente às regras impostas pela reitoria no que diz respeito ao processo de Bolonha, apenas nos resta esperar pela eleição do novo reitor, para depois entrar-mos em dialogo com este. Devem ser analisadas e bem estudadas todas as preocupações que andam na mente dos ubianos, mostrando assim ao novo reitor que não somos estudantes passivos e defendemos os nossos direitos. Para que isto seja possível, é fundamental que os nossos representantes (a A.A.U.B.I.) nos representem realmente e assumam uma imagem séria e dinâmica, coisa que infelizmente ainda não sucedeu desde que estes assumiram funções. Até agora o que fizeram foi criar intrigas, discussões e incertezas no seio da academia, que directa ou indirectamente nos afectam a todos. Ora chateiam-se e o presidente demite-se, mas depois volta e em cinco minutos já são novamente amigos, ora apresentam um cartaz fraquíssimo que o que até parece ter sido feito à pressão, quando tiveram tempo mais que suficiente para contratar artistas com relação preço-qualidade muito acima da média, ora dizem que remodelam o Bar Académico quando apenas meteram umas lâmpadas, uns cortinados e um LCD, ora brincam às Assembleias Gerais de Alunos, agendando-as e depois reagendando-as e por vezes não respeitando algumas regras fundamentais resultando na impugnação de uma delas, ora agendando também conselhos de núcleos na véspera e a más horas... Isto tudo mais parece uma novela mexicana de segunda categoria, onde cada semana que passa é um novo episódio.

Em Dezembro existiam duas listas concorrentes. As duas defendiam a verdadeira continuidade, mas apenas uma delas a iria colocar em prática de verdade, pois era constituída por pessoas que não pertenciam aos órgãos sociais da direcção transacta mas que contribuíram, e muito, com o seu tempo e muito trabalho ao longo do ano, o tal “amor à camisola”. Isto facilmente é verificado no ultimo evento, em que a AAUBI trabalhou com uma empresa de gestão de eventos, mostrando que este ano já não existe aquela “força humana” que caracterizou a Associação. E os estudantes que nesse evento trabalharam foi por parte dos núcleos intervenientes, graças a eles correu bem. Pois, acredito que realmente não consigam encontrar colaboradores que façam os que o do mandato transacto fizeram, dar o sangue e suor por uma causa – o de elevar o nome da A.A.U.B.I.. Infelizmente a única elevação que estão a realizar este ano é a da tristeza!

Mas o culpado desta situação toda sou eu! Sou eu porque permiti tais pessoas de assumir o poder, ao ter sido o máximo honesto e limpo na minha campanha, ao contrario de outros que ganharam erradamente a confiança de alguns colegas menos atentos. Felizmente alguns começam a abrir os olhos e a perceber o que se passou. Se o tivesse jogado igual (claro que não posso afirmar que a A.A.U.B.I. estaria melhor, pois nunca sabemos o dia de amanhã) uma coisa é certa, não existiriam estas palhaçadas que estão suceder umas atrás das outras. Não sou calculista nem politico, sou sim uma pessoa trabalhadora que acima de tudo prefere um bom ambiente de trabalho com pessoas simples e honestas a um grupo de presidentes de núcleos, com ambições partidárias e que nada de semelhante têm com o estudante regular, que tem dificuldades em arranjar um apoio financeiro para concluir um curso superior.

O estudante está farto de politiquices, a A.A.U.B.I. foi ocupada por políticos, que desconfiam uns dos outros, criando um péssimo ambiente de trabalho. E se não existe um bom ambiente, como existia no ano passado, não se desenvolve trabalho!

Não devia ter acreditado na palavra do presidente transacto que sempre me defendeu e apoiou, ao dizer que estava comigo e depois foi o que foi, levando com ele os nossos restantes colegas, que estavam nos órgãos sociais, através das suas palavras “bonitas”, porque a outra lista transparecia uma imagem de melhor estabilidade e trabalho... nota-se... sim senhor.

Não devia ter feito muita coisa e acreditado em muita gente, pois agora quem paga são os seis mil colegas, ao não terem ninguém que lhes defenda os interesses verdadeiramente.

Por fim deixo aqui um apelo a todos os ubianos: vamos marcar presença na Semana Académica que se aproxima, apesar do cartaz, como referi, não ser dos melhores, pois apenas assim poderemos fazer frente a uma eventual derrapagem financeira, colocando em risco todo o trabalho feito no mandato anterior e pior ainda, colocando em risco a saúde financeira dos núcleos directamente envolvidos no evento.

Viva a A.A.U.B.I.! (porque a associação é mais do que as pessoas que nela se encontram)


Saudações académicas a todos,
Pedro Venâncio,
Sócio AAUBI.