quinta-feira, março 26, 2009

Breves do "Jornal do Fundão"



O som ensurdecedor do megafone da carrinha azul que no domingo ao final da manhã inundava as ruas circundantes à Universidade da Beira Interior, criava um clima de festa a que se juntava o falar apressado de dezenas de espanhóis que àquela hora já cirandavam por entre os cafés e passeios da zona. Participavam num passeio equestre promovido também pela UBI.


Desemprego ataca mais a Cova da Beira

A Cova da Beira tem quase cinco mil desempregados. Três concelhos. A indústria, comércio, ensino, serviços e agricultura moldam a face da região. Mas neste remoinho de mudanças económicas, onde é que a região se pode agarrar? Um pergunta sobre a qual o JF tentou recolher algumas respostas.

Conferência da Primavera - inscrições

foto.
O Grupo Paulo de Oliveira (GPO), considerado o maior produtor de lanifícios de Portugal e da Europa, continua na vanguarda do importante sector industrial e a reforçar o seu prestígio internacional. As empresas do conhecido empresário covilhanense lançaram recentemente no mercado um tecido cem por cento lã para fatos que pode ser lavado no chuveiro, “uma novidade revolucionária em todo o mundo”.


O 7.º Concurso de Instrumentos de Arco «Júlio Cardona» realiza-se na Covilhã entre os dias 3 e 9 de Abril.

O concurso vai reunir mais de 80 concorrentes em representação de 29 países o que confirma uma vez mais o carácter internacional desta iniciativa.

Portugal estará representado por 22 concorrentes. As modalidades do concurso são Violino e Violoncelo que se dividem em duas classes, A (até aos 30 anos de idade) e B (até aos 18 anos de idade).(...)




Em Destak



O presidente da Câmara da Covilhã, Carlos Pinto, anfitrião deste encontro, fala da importância da aposta na inovação para as empresas no contexto actual de mercado global e dos investimentos no concelho

JORNAL DO FUNDÃO – Que importância assume a realização desta conferência e o tema em debate no actual contexto económico-social?

CARLOS PINTO – É muito importante esta Conferência e o tema muito actual. Internacionalização e Inovação são elementos essenciais de saída para a economia portuguesa, num quadro de competitividade acrescida e de escassez de oportunidades no mercado interno.

De uma maneira geral acha que as empresas do concelho
da Covilhã têm apostado na inovação?

As empresas da Covilhã estão sujeitas a exigências de mercado onde a sobrevivência depende da sua capacidade de se adaptarem e modernizarem. Esta é uma condição permanente bem sentida sobretudo pelo sector industrial. Mas existe um ambiente geral indesligável da própria cultura empresarial da cidade, que conduziu a esmagadora maioria das empresas a acompanharem não só a inovação vinda do exterior, como a promoverem a sua própria acção inovadora num contexto de adaptação concorrencial.

O Parkurbis é hoje uma referência no apoio e criação de empresas inovadoras em diversas áreas. Como tem sido o percurso desta instituição? E que aceitação tem tido por parte dos empresários que querem apostar na região?

O Parkurbis já não é, apenas, uma simples promessa, mas ainda não é um êxito empresarial fulgurante. Mas para lá caminha, com o tempo necessário. Nascido por nossa iniciativa, daria um livro sobre como a acção pública estadual neste domínio é um caso sério de défice de inovação e de ausência de promoção pró-regiões. Talvez mesmo de indiferença. Se existisse uma definição clara do Governo, quanto às regiões do País onde se faz, e o quê, tudo seria mais fácil. Consta que estará o Governo apostado em novas tecnologias e inovação, como matriz discursiva de desenvolvimento, mas depois pergunta-se pelo quadro orientador regional para se saber das competências e seus pilares institucionais, olha-se, e é o vazio. A Finlândia, como modelo citado tantas vezes, nem sequer deu para copiar, como inspiração, neste domínio das políticas públicas de orientação industrial para a inovação em cluster. Deste modo, o percurso do Parkurbis tem sido o de fazer o máximo pela captação de novas empresas com resultados muito positivos. Ainda em Abril uma nova empresa de softwarehouse, será recebida no novo edifício criando mais 15 empregos com quadros especializados. Os empresários da Região reconhecem hoje o Parkurbis como um projecto para localizar empresas com estruturas de acolhimento inigualáveis no Interior do País. Conseguimos um dos elementos essenciais para o sucesso deste tipo de iniciativa: um ambiente envolvente vocacionado para as novas tecnologias, capaz de competir com qualquer estrutura deste tipo, existente na Europa.

Na sua opinião o que é necessário para uma empresa
se internacionalizar com sucesso?

Depende do que estamos a falar. Se internacionalizar é exportar, sendo esse o núcleo central da empresa, então falamos de produtos ou serviços competitivos e estruturas comerciais e logísticas adequadas. Se falamos de criar e produzir nos e para os mercados internacionais, o elemento essencial é dispor de recursos humanos muito qualificados e músculo financeiro muito forte, para além de capacidade de afirmação comercial, qualidade dos produtos e rigor logístico.

Considera que as PME (as empresas em geral)
em Portugal são devidamente apoiadas?

As PME’s parece que agora estão na moda. Mas elas deviam ser a moda a todo o tempo. Quero eu dizer que se olharmos o tecido produtivo do País desde há 30 anos o que encontramos é uma base de empresas assim designadas que foi capaz de crescer nas exportações, fixar emprego e raramente pedinchar o que os grandes grupos vão consumindo de apoios estaduais. Deste ponto de vista, pouco se tem feito por esta base essencial da nossa economia. E, nos últimos tempos, e até à plena consciencialização da gravidade da presente crise, o que se ouviu foi o discurso de País milionário para as galáxias empresariais dos petróleos, dos chips, dos aviões e dos pin’s turísticos ao mesmo tempo que se olvidava o têxtil, o calçado, as mármores, as pescas, a agricultura…

Sem embargo do lugar para todos, não perceber que a mudança de matriz económica e empresarial no nosso País tem que partir da realidade existente, fazendo-a evoluir, é cometer erros de estratégia de desenvolvimento que se pagam caro, como está a acontecer entre nós.

Que apoios dá a autarquia às empresas no concelho?

Temos procurado elementos diferenciadores na oferta do concelho como destino de investimento, para além do solo empresarial, das isenções nas taxas e outras incidências quanto a recursos humanos e majorações fiscais de âmbito regional. O que oferecemos, sobretudo, é uma total envolvência de técnicos especializados e um ambiente geral de apoio ao investidor quer seja nos sectores tradicionais, ou nas novas tecnologias. Para além da Covilhã ser hoje uma cidade onde investir significa, um espaço de qualidade global, quer para as famílias, os técnicos, os empresários.

Quais são os desafios que se colocam
ao investimento na região?

O quadro geral do País agravou as condicionantes existentes já de si pouco favoráveis, mas a verdade é que as dificuldades estruturais históricas continuam a pesar. Enquanto não houver consciência de que a evolução do quadro empresarial é hoje muito diferente do que era no passado enquanto a máquina da burocracia do Estado permanece essencialmente a mesma, apesar dos retoques em que se traduzem as reformas simplex, não mudaremos em termos substanciais. Mas existe a consciência que, sem investimento, consumo e reforço da capacidade exportadora, não daremos o salto.


Sem comentários: