R'etratos à sexta com JM (7)

Surpreso seguia quando vejo chegar à paragem uma viatura vermelha de seu nome” CoviBus: mirei a estética do novo (mas temporário) autocarro público enquanto este se encontrava parado: nesse dia ia a pé, e a analise foi célere e passageira.

Mas fiquei em primeiro lugar surpreendido de um ponto vista estético porque acho que o vermelho é uma cor profundamente berrante para suavizar um suave centro histórico como o nosso: sem duvida que o branco se quadrava muito melhor. Depois fiquei ainda mais surpreendido com as imagens estampadas na chapa do autocarro que nada tem a ver com a Covilhã, já para nem falar no nome “Covi Bus”, e, nesse aspecto, continua-se a manter viva a grande critica queirosiana (“Medonho! É de um reles, de um postiço! Sobretudo postiço! Já não há nada genuíno neste miserável” país”) …, mudar-se-ia apenas o nome da frase do Eça. Mas deixo para já de parte a parte estética do novo autocarro e centrar-me-ei noutro aspecto.

É realmente triste que em pleno exercício da vida democrática se continue a passar por cima das pessoas. Desde o início do mês são vastos os problemas para os utentes com os novos autocarros.

Em primeiro há um défice de lugares sentados, o que não se compreende… e sendo que a maioria da população que usa o transporte publico é população mais idosa, não estranharemos ver duas ou três idosas em pé num autocarro a tombar em curvas tão apertadas como a curva dos penedos altos, quando se vem do Rodrigo de autocarro.

Por outro lado são inúmeras as queixas de que os horários não estão a ser cumpridos. Maria Pires relata ao Diário XXI que esperava a ligação para a Vila do Carvalho mas teve que esperar pelo autocarro seguinte porque este não apareceu, e vai mais longe “o nosso patrão não perdoa atrasos”. Ao lado, Beatriz Morgadinho contava também que perdeu uma consulta no hospital e acrescenta… “parece que isto foi tudo feito à pressa”.

Mas há ainda mais problemas: como é que é possível que nos primeiros dias do funcionamento do autocarro haja pessoas que tiveram de pagar bilhete de viagem individual muito mais caro porque os bilhetes que já tinham comprado antes perdem a validade? … Não se compreende, ainda por cima há pessoas que compram vários molhos de bilhetes para durarem por muito mais tempo.

Mas porque será que estão a existir tantos problemas de funcionamento?

Bem, João Queriós Lima, responsável pela empresa diz do diário XXI: “ Gostávamos de ter tido mais tempo para preparar as coisas”, e questionado, o responsável da Joalto, empresa proprietária da Transcovilhã, diz-nos: “havia um acordo verbal para se manter o serviço até tudo estar pronto”.

Segundo consta no mesmo jornal, a Câmara Municipal da Covilhã enviou um comunicado no dia 29 de Abril para a Transcovilhã parar no dia 1 de Maio.

Afinal, se havia um acordo para a nova concessionária só entrar em actividade quando tudo estivesse pronto (e ainda havia o aval da ex concessionária) porque é que foi tomada a atitude de acelerar o processo prejudicando os utentes?

Porque é que se tomou uma decisão tão precipitada quando havia condições para o bom funcionamento dos transportes públicos se manter?

A Covibus já se disponibilizou a analisar todas as queixas (covibus@gmail.com), mas mais uma vez há coisas por esclarecer, e mais uma vez foram os mesmos do costume a saírem prejudicados.

Surpreso seguia quando vejo chegar à paragem uma viatura vermelha de seu nome” CoviBus: mirei a estética do novo (mas temporário) autocarro público enquanto este se encontrava parado: nesse dia ia a pé, e a analise foi célere e passageira.

Saudações.

João Nuno Mineiro